segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

"Eu lhe perdôo"

"Eu lhe perdôo!” Por que, às vezes, é tão difícil dizer isso para alguém, especialmente quando essa pessoa te magoa não uma ou duas, mas inúmeras vezes? Dia desses encontrava-me nervosa e chateada com alguém que me magoara. E o pior é que não era a primeira vez. Pelo contrário. Era a quinta. Pensei: "Não vou mais perdoá-la! O que ela pensa que eu sou? Um saco de pancadas? Sou crente, mas não sou boba!" Segundos depois me dei conta do que acabara de pensar. Então, uma doce Voz sussurrou aos meus ouvidos: “Você está errada. Já imaginou se Deus pensasse assim como você?" Confesso que fiquei sem graça não só comigo mesma, mas, acima de tudo, com Aquele que me havia sussurrado aos meus ouvidos. Senti vergonha de ter pensado daquela forma. Pedi perdão a Ele (Deus) e conversei com a pessoa que me magoara. Meu coração ficou leve, e tive paz de espírito.

Porém, não foi tão fácil como pareceu. Em qualquer situação em que nos sentimos lesados, prejudicados, nossa primeira reação e desejo é a vingança. Queremos pagar com a mesma moeda. Abrir mão dessa reação, para muitos de nós, é abrir mão nada menos que nossos direitos. Afinal, pensamos, isso é uma injustiça.

Mas, afinal, o que é o perdão? Como liberá-lo e também obtê-lo? É opinião comum de que perdoar é esquecer. Tente explicar isso a alguém vítima de um estupro ou que perdeu um familiar vítima (inocente) de um assassinato brutal ou ainda a um sobrevivente do holocausto. A reação de quem ouve uma afirmação como essa pode ser imprevisível e sem precedentes. Há quem pense também que o perdão está relacionado à gravidade da mágoa ou prejuízo. Assim, quanto maior o dano, menores são as chances de se perdoar, e, portanto, mais difícil conceder o perdão. Embora não seja uma psicóloga, psiquiatra ou uma expert no assunto, posso afirmar com toda convicção que perdoar não significa esquecer e nem tampouco está relacionada à gravidade do, digamos, delito. Há pessoas que sentem profundamente magoada e até rejeitadas simplesmente porque o outro não a cumprimentou ou olhou para ela. Então, o que é o perdão?

Se não nos sentíssemos magoados ou ressentidos porque tudo aquilo que acontece conosco, seríamos anormais, destituídos de quaisquer sentimentos ou emoções. Diferente dos animais, temos alma. Choramos, nos alegramos, gritamos... Enfim, temos desejos, vontades, sentimentos e emoções. Isso não significa jamais que mediante qualquer decepção temos que nos entregar a prantos e lamúrias sem fim, se revoltando com tudo e contra todos. Afinal, somos destituídos de vontade. A questão não é simplesmente o que sentimos. É como nos reagimos. O que vamos fazer com nossas emoções e mágoas é o que conta. Ou seja, é uma escolha. Assim, perdoar não é esquecer, mas é não levar em conta. A despeito do que fizerem, fazem ou farão contra mim, escolho não levar em conta. É o mesmo que desatar o nó que nos prende à pessoa que nos magoou, magoa ou tem magoado.

Um fato curioso na questão do perdão é que, ao contrário do que pensamos, quando não perdoamos nos tornamos eternos cativos não só da mágoa como também de quem nos magoou. Passamos a viver em função do outro. Sua felicidade é nossa infelicidade, seu sucesso é nosso fracasso. É por isso que perdoar, para mim, é desatar o nó. A despeito do que aconteça com aquele que nos magoou, magoa ou tem magoado, somos livres em nossas escolhas, sentimentos e decisões. Dá para imaginar Jesus ressentido, amargurado, vivendo às custas da vingança alheia?! Um fato ainda mais curioso: aqueles acostumados a lidar com doentes mentais são da opinião de que a maioria dos que se encontram em manicômios estariam livres de seu problema se estivessem dispostas a conceder o perdão. Não perdoar também mata.

Amados, é através do perdão que se cura as feridas, ressentimentos e mágoas. Somente o perdão pode desarmar a raiz de amargura (Hb 12:15) trazendo paz, saúde, bons relacionamentos e o primordial: comunhão com Deus. É bom demais quando temos paz de espírito e quando agradamos a Cristo. Você deve estar se perguntando: "Como perdoar aquela pessoa que sempre nos prejudica?” Saiba que o perdão é algo pessoal, a decisão é sua de não perdoar e ficar com o rancor. Deus e nem tampouco outra pessoa, podem fazer isso por você. Perdoar é uma escolha.

Jesus quando estava na dor da cruz do calvário, disse: "Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem". Isso é tremendo, Jesus, mesmo sendo Deus, pediu ao Pai para que perdoasse. Ah! Se não fosse a misericórdia do Senhor, o que seria de nós? O Evangelho de Mateus, capítulo 18, versos 21 e 22 nos esclarece sobre quantas vezes devemos perdoar ao nosso semelhante. Está escrito que não é somente sete, mas setenta vezes sete, ou seja, 490. Explicando melhor, é infinito você sempre vai ter que perdoar. Sempre.

A Bíblia deixa claro que quem perdoa é perdoado por Deus (Mt 6: 14). Quem não perdoa não pode ser perdoado por Deus. A falta de perdão nos traz grandes prejuízos na vida espiritual e também física. Pois todo nosso corpo será atingido, podendo surgir doenças graves como problemas de coração, estresse e problemas emocionais. Quem está ferido fica, na maioria das vezes, mal humorado, nervoso, rancoroso, revoltado, com ódio... Determinadas enfermidades só serão eliminadas quando perdoarmos.

Queridos irmãos, quando perdoamos ficamos em paz, libertos, deixamos de “aprisionar” quem nos ofendeu. O sentimento de vingança, destruição e ofensa vai embora e nos deixa livres para ter novos relacionamentos, para amar, demonstrar carinho, servir e desfrutar da vida abençoada com o Senhor Jesus!

jubacentrointercessao@gmail.com

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